A tela que iremos explorar nesta postagem foi pintada em 1879 pelo uruguaio Juan Manuel Blandes, que procurou através desta obra prima da história artística sul-americana, expressar a sua visão acerca da Guerra do Paraguai (1864-1870). Embora produzida nove anos depois do final da guerra, “A Paraguaia”, como é conhecida a tela, nos revela com precisão o grau de devastação que a guerra trouxera aos paraguaios. Após seis anos de intensos e sangrentos conflitos e de epidemias como a cólera, que afetara não somente os combatentes, mas também a população civil, a resistência paraguaia chegava ao fim e com ela se apresentava um cenário desolador que contrastara com o status de potência sul-americana atribuído a nação Paraguaia no que se refere ao período pré-guerra.
Para melhor analisarmos a tela proposta, destacaremos um a um, os elementos nela apresentados:
Sendo assim, ao centro da cena aparece uma mulher com vestimenta simples e expressando uma intensa tristeza diante do cenário que lhes rodeia. Com um olhar mais sensível, perceberemos que a mesma aparenta traços maternos, sendo assim, a maternidade está associada à representatividade de “pátria-mãe”, pois assim como uma mãe, a pátria acolhe, alimenta e protege os seus filhos. A tristeza expressa se justifica devido ao cenário desolador que se apresenta. Corpos espalhados ao chão sob a vigilância de urubus, tornam a paisagem aterrorizante e para piorar, alguns corpos aparentam ser de jovens adolescentes, o que confirmaria a versão de que no final da Guerra, numa tentativa desesperada do governo paraguaio, muitos jovens foram enviados aos campos de batalha.
Ainda podemos atribuir um segundo simbolismo à figura feminina presente na tela. A tristeza expressa por uma mulher, representa a violenta redução da população masculina do Paraguai, ou seja, após a guerra a população paraguaia era constituída majoritariamente de mulheres, idosos e crianças.
Ainda podemos atribuir um segundo simbolismo à figura feminina presente na tela. A tristeza expressa por uma mulher, representa a violenta redução da população masculina do Paraguai, ou seja, após a guerra a população paraguaia era constituída majoritariamente de mulheres, idosos e crianças.
Abaixo da tela, mais precisamente ao chão, praticamente sob os pés da paraguaia, aparecem uma bandeira do Paraguai (praticamente enterrada), um livro aberto, porém destruído e uma arma, que nos remetem a idéia de destruição e fracasso patriótico, cultural e militar que predominara até então.
A Guerra do Paraguai impactou fortemente sobre os países diretamente envolvidos, ao Brasil, Uruguai e Argentina restaram uma boa dívida externa contraída junto aos ingleses, e ao Brasil em especial, a longevidade do conflito obrigou ao exército brasileiro utilizar escravos para compor seus batalhões, o que mais tarde impactaria fortemente nas estruturas do sistema escravista, aliado a isso, o contato com exércitos de nações republicanas fez com que o exército brasileiro exigisse do governo uma maior participação e influência nas questões políticas do país. Esses fatores expostos foram alguns dos principais responsáveis pela vindoura queda do sistema monárquico brasileiro. Ao Paraguai, como já foi explanado anteriormente, restou à destruição das suas estruturas produtivas, militares e econômicas deixando a nação guarani em condições de miséria e altamente dependente do capital internacional.
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Para quem quiser ver outras obras de Juan Manuel Blandes é só clicar aqui.
Excelente professor. Muito obrigado. E continue com suas análises de pinturas. Adoro ler essas interpretações por trás das imagens. Abraço.
ResponderExcluirFui peida e caguei😭
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