segunda-feira, 22 de agosto de 2011

HOLOCAUSTO: O poder do ódio aprendido

Crianças e mulheres judias vigiados por soldados nazistas no Gueto de Varsóvia, na Polônia.


A imagem acima refere-se a um dos desdobramentos mais terríveis da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e porque não dizer da História da humanidade, o Holocausto. A proposta aqui não é a análise desta fotografia em si, mas submetê-la à condição de ferramenta ilustrativa acerca desta temática.  
O Holocausto foi a matança indiscriminada (extermínio) não só de judeus como muitos pensam e até afirmam, mas de grupos indesejados pela política nazista criada por Adolf Hitler. É bem verdade que os judeus encabeçaram a lista dos mais perseguidos e consequentemente dos mortos, porém acompanhava-os diante da extensa lista nazista de perseguição os homossexuais, simpatizantes e militantes comunistas, ativistas políticos, alguns sacerdotes religiosos, ciganos, dentre outros.
O historiador Alfredo Boulos Júnior, descreve em seu texto - A “Solução Final”: Fábrica de Morte - o que de fato acontecia nestes campos de extermínio nazista. Então vamos lá!


A “SOLUÇÃO FINAL”: FÁBRICAS DE MORTE

Em 1942 os líderes nazistas decidiram que matariam todos os judeus em campos de extermínio especialmente construídos para essa finalidade. Era a chamada “solução final”.
Os campos de concentração, locais onde os nazistas faziam os prisioneiros trabalhar como escravos, já existiam na Alemanha há alguns anos, mas os campos de extermínio foram uma “novidade” introduzida em 1942. Dos países ocupados por Hitler, a Polônia era o que tinha o maior número de judeus, cerca de três milhões. Por isso, lá foram construídos os maiores campos de concentração, como Auschwitz, Teblinka e Sobibor.
Prisioneiros de toda a Europa eram levados para esses campos; os nazistas lhes diziam que estavam indo trabalhar para a Alemanha nazista. Na verdade, eles estavam sendo mandados para uma espécie de “matadouro humano”. A maioria dos prisioneiros era composta de judeus, mas além deles havia também um grande número de eslavos (russos, sérvios), ciganos, religiosos pacifistas (padres e pastores que pregavam contra a guerra e também testemunhas de Jeová, que se recusavam a prestar o serviço militar) e outros inimigos do nazismo.
Logo na entrada dos campos, os médicos nazistas separavam as pessoas em duas filas: uma delas era composta de velhos, doentes e crianças, mandados imediatamente para a morte nas câmaras de gás. Essas pessoas não sabiam que estavam sendo mandadas para as câmaras de gás, pois os carrascos nazistas diziam que a fila era para os prisioneiros tomarem banho de chuveiro. Esses médicos também esterilizavam prisioneiros e os usavam como cobaias em experiências.   

Ruínas da Câmara de Gás-Crematório II, em Auschwitz.
Só aqui morreram  cerca de 500.000 pessoas.
  
Os campos de extermínio eram autênticas “fábricas de morte”. Em Auschwitz eram mortas cerca de 6 mil pessoas por dia. Os prisioneiros eram vítimas das piores humilhações e maus-tratos: tinham a cabeça raspada e eram obrigados a andar nus ou em trapos (mesmo durante o gelado inverno europeu); as mulheres eram constantemente violentas pelos guardas, e as condições de higiene eram as piores possíveis (o que favorecia a disseminação de doenças). Antes de a guerra terminar, as notícias sobre o extermínio cometido nesses campos eram vistas como “exagero” ou “invenção” da propaganda dos Aliados. Mas com o fim da guerra vieram à tona muitos documentos, e não foi mais possível esconder o horror.



Prisioneiros eslavos que sobreviveram ao Holocausto.
Eles estavam no campo de concentração de Buchenwald.Repare no estado crítico das instalações e de saúde
em que estes homens se encontravam
no momento em que foram libertos.

Calcula-se que nesses campos foram mortos cerca de 6 milhões de judeus, 300 mil ciganos e centenas de milhares de soviéticos, homossexuais, deficientes físicos e religiosos. Quando terminou a guerra a maioria dos sobreviventes não tinha mais para onde ir. Muitos perderam a família inteira durante a guerra. Havia milhares de refugiados sem lar, pátria ou família, principalmente judeus, na Europa.

As pilhas de corpos dos judeus e demais reclusos se tornavam uma cena comum
nas áreas  dos campos de extermínio nazista revelando-os a crueldade
e o descaso com a vida humana proporcionada por Hitler e seus algozes.

Texto: Alfredo Boulos Júnior
Organização das ilustrações e legendas por Hermes Júnior


Para enriquecer a nossa postagem proponho o vídeo abaixo que foi feito em 1945 durante a libertação dos campos de Buchenwald e Dachau mostrando todo horror do genocídio nazista:



Gostaria também de deixar algumas sugestões de filmes que servem para se estudar ou se trabalhar em sala de aula acerca do tema:





Contudo, todos nós ficamos a nos perguntar: Como o ser humano foi capaz de praticar algo de tamanha crueldade? 
Procurando responder a minha indagação, encontrei num pensamento de Nelson Mandela a explicação perfeita para tudo o que ocorreu durante o Holocausto e é incrível como em contextos históricos distintos, este pensamento explica mais um triste evento da História do homem na Terra ( o Holocausto) de acordo com a dinâmica da lógica nazista:

"Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem  ou ainda sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar." 
(Nelson Mandela)

Ficamos por aqui,
Grande abraço!



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A GUERRA FRIA EM CHARGES

Ao fim da Segunda Guerra Mundial (1945), instalara-se no mundo um embate ideológico bipolarizado, mais conhecido como Guerra Fria (1945-1989), aonde as duas maiores potências econômicas e bélicas do planeta, possuíam nas mãos o destino do planeta Terra e de toda a humanidade. De um lado, encontrava-se os Estados Unidos, que buscava a todo custo defender e propagar a ideologia capitalista e do outro a União Soviética, que por sua vez pregava o socialismo e de contrapartida não media esforços para combater e/ou opor a idéia defendida pelos capitalistas.
Esse clima de “tensão” perpetuou-se por mais de quatro décadas, aonde missões secretas, espionagens, sabotagens, ameaças políticas e militares, o crescimento bélico nuclear, dentre outras "peripécias", quase que levou a humanidade à tão temida Terceira Guerra Mundial. No período da Guerra Fria, diversos filmes, cartazes, charges, propagandas, dentre outros artifícios de comunicação propagavam e legitimavam a importância e por que não dizer, a possível “superioridade” ideológica da teoria (capitalista ou socialista) que se era pregada. Dentre os instrumentos de comunicação apresentados aqui, ficaremos com a charge, já que estas nos fornecem um riquíssimo simbolismo acerca do “clima de guerra” vivenciado naquele período da história.
Vejamos então as charges propostas e as suas devidas leituras:
Charge 1

Esta charge explicita bem o clima de disputa entre as duas potências EUA e URSS vivenciado na Guerra Fria. Do lado esquerdo (Ocidente) observa-se Harry Thruman, presidente dos Estados Unidos durante os anos de 1945 a 1953 e do lado direito (Oriente) encontra-se o líder soviético Josef Stalin, que esteve no comando da URSS entre os anos de 1922 a 1953. Uma partida de futebol travada entre os dois “cai como uma luva” no que diz respeito ao quesito ilustração, já que a bola (Terra) é o objeto de desejo de ambos que procuravam ampliar as suas devidas áreas de influência.

Charge 2



Esta charge foi publicada no Brasil, mais especificamente num jornal da cidade de São Paulo em 1946, que revelaria que o clima entre os blocos capitalista e socialista esquentaria bastante. Partindo mais uma vez da ideia de divisão (pólo) do mundo, podemos reparar que Harry Thruman está do lado esquerdo (ocidente) e Josef Stalin do lado direito (oriente). Observe que Thruman segura um esqueleto (símbolo da morte) com uma placa presa ao peito com os seguintes escritos: “Bomba Atômica”. Já Stalin, segura um fantasma com uma placa presa ao pescoço dizendo: “Bomba X”. Na realidade o fantasma aparenta ser o mesmo esqueleto segurado por Thruman coberto por um lençol, o que significa que a União Soviética em breve teria em seu poder bombas atômicas quebrando desta forma, o monopólio estadunidense e equilibrando o potencial bélico entre os dois países.

Charge 3

Nesta terceira charge, a ideia de divisão do mundo se faz presente mais uma vez. Do lado esquerdo (Ocidente) encontra-se os combatentes capitalistas e do lado direito (Oriente), os combatentes socialistas. Repare ao fundo de cada tropa, bombas atômicas com placas que dizem: “Não usar, por que o inimigo pode retaliar”. Aí reside um aspecto simbólico considerável, expressando que embora ambos os blocos sejam divergentes, existe o medo de um conflito atômico que “naquelas alturas do campeonato” traria consequências desastrosas a humanidade. Enquanto isso, os soldados combatem com arcos e flechas, nos dando a sensação de “leveza” ou de “cautela” talvez, que pode ser associado ao conflito ideológico: CAPITALISMO X SOCIALISMO.

Charge 4

Nesta quarta e última charge proposta, temos na esquerda o presidente soviético Nikita Kruschev (1953-1964), sucessor de Stalin e na direita encontramos John Kennedy (1961-1963), então presidente dos Estados Unidos. Repare como a disputa entre os dois blocos (Capitalista X Socialista) está representada através de uma quebra de braço. O ato de dar as mãos pode representar união, acordo, apoio, na realidade, faz-se aí uma alusão ou melhor, uma sátira a doutrina da “Coexistência Pacífica” proposta por Kruschev, aonde o mesmo propõe uma possível convivência pacífica entre os dois blocos. A impossibilidade dessa pacificidade é muito bem ilustrada na postura dos dois líderes que mantém o olhar firme um no outro, remetendo-nos a ideia de vigilância, mas que em contrapartida, meio que sorrateiramente mantém o dedo no botão que acionaria a bomba nuclear sob o inimigo, ato este que seria o suficiente para a eclosão da tão temida guerra.

Bom galerinha... sem sombra de dúvidas a Guerra Fria foi um dos períodos mais tensos da História, em contrapartida este mesmo período, deixou um valiosíssimo legado cultural no qual nós professores podemos utilizar para bem ilustrar e refletir em sala de aula acerca desse conteúdo. Hoje usei a charge, mas em outra oportunidade, voltarei a falar sobre Guerra Fria utilizando outras fontes também.
Aquele forte abraço e saudações históricas!!!!